
Acabo de descobrir que a necessidade de escrever vem da falta de ter com quem falar. Hoje falei muito, falei por mais de meia hora com um cara, ele me ama, ou diz que ama, e o que vem a ser tudo isso que me cerca, esse ar que eu respiro, esses objetos que vejo, essas pessoas por aí? O que vem a ser a minha pessoa para a dele e para o mundo?
Hoje falei do meu sentir, da minha revolta por estar viva, por infelizmente estar aqui, e agora ter que agüentar. Hoje não está me interessando o que é certo ou errado, nem o que os sábios dizem sobre a vida e como os psicólogos dizem ser correto viver. Para mim só está existindo o que eu não quero e a minha total falta de vontade de fazer qualquer coisa que seja: andar, pensar, falar, ouvir, trabalhar, estudar, ver pessoas, respirar. Eu não quero nada. Sumir.
Não encontro as palavras, nem a emoção, não consigo transformar pensamentos em ação. Sou um ser extremamente perdido, num mundo que não o pertence, convivendo com uma espécie semelhante, porém parece ser de galáxias distantes. Isso dói. Isso revolta. É uma vontade que não se realiza, é a vida por assim dizer.